Flica encerra com encontro inédito

A festa se consolida a cada ano e atrai personalidades da literatura mundial
Ascom

O sucesso da última mesa da Festa Literária Internacional de Cachoeira não poderia ser diferente. Recorde de público, cerca de 500 pessoas assistiu ao debate da mesa “Ndongo, Ngola, Angola, Bahia” com Pepetela (Angola) e Makota Valdina. Os autores falaram sobre cultura, linguagens e respeito às diferenças, com mediação do professor Jorge Portugal, a mesa fez uma ponte entre a Bahia e Angola.

Um forte abraço. Foi assim que começou a última mesa Flica. Pepetela fez uma síntese da história de Angola e libertação dos negros e suas conquistas atuais. Durante discussão, o autor lembrou que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola. Muita aplaudida, Makota Valdina pontuou as recentes conquistas dos negros no Brasil. “A grande contribuição é justamente a experiência que eles (os africanos) tiveram lá. Então, a gente tem que aprender como se viver junto contemplando as diferenças”, disse Makota.

Cerca de 500 pessoas assistiram de perto o debate, com lotação máxima do claustro do Convento do Carmo, em Cachoeira, a mesa bateu recorde de público nesta terceira edição da Flica. A plateia participou ativamente do debate entre Pepetela e Makota Valdina. Cerca de 30 perguntas foram direcionadas aos convidados, que puderam expressar opiniões e explorar o tema da mesa. Entre as intervenções da plateia, o artista plástico Juraci Dórea cantou uma música de própria autoria em que remete aos ritos angolanos e emocionou os convidados e o público.

O penúltimo dia Flica começou agitado. A primeira mesa do sábado começou marcado por manifestações contra o autor Demétrio Magnoli, convidado da mesa “Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons Selvagens” juntamente com a escritora e pesquisadora Maria Hilda. O manifesto pedia a expulsão do autor, que foi chamado de racista pelos manifestantes. A mesa foi cancelada a fim de garantir a integridade física dos autores e público presente.

As outras duas mesas seguintes serviram para aclamar os ânimos. Joca Reiners Terron e Tom Correia falaram sobre a complexidade da literatura, na mesa “A Velocidade da Contemplação Moderna”, mediada por Jackson Costa. A terceira mesa trouxe as autoras Carola Saavedra e Leticia Wierzchowski, mediada pela jornalista e escritora Katherine Funke, a mesa “Afetos e Ausências” trouxe o amor para o debate. A última mesa do dia, que seria a mesa “As Imposições do Amor ao Indivíduo”, com Jean-Claude Kaufmann (França) e Luiz Felipe Pondé foi cancelada devido às manifestações do início da manhã.

Fliquinha fecha com chave de ouro - Este a Flica criou um espaço especial para as crianças. A Fliquinha foi a grande novidade dessa edição. Durante os três dias de funcionamento (de quinta a sábado, das 9h às 18h), alternou conotação de histórias com jogos, brincadeiras e oficinas, um espaço criado do tamanho da imaginação da garotada. No encerramento, as crianças assistiram ao espetáculo teatral Alvorocinho, recontando o clássico de Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau.

A atriz do bando de teatro Olodum, Cássia Valle esteve na Fliquinha todos os dias com a narração de histórias. “A gente brincou com o imaginário criativo e as crianças participaram demais. Tô muito feliz” declarou a atriz. A estimativa é que cerca de 1,3 mil crianças passaram pelo espaço. Para o quadrinista Antonio Cedraz, que também participou todos os dias, a Fliquinha era justamente o que faltava na Festa Literária Internacional de Cachoeira. “Tive uma resposta muito satisfatória dos pais, agradecendo até pelo espaço. E aproveito pra lembrar que a criança é o leitor de amanhã”, destacou o autor da premiada Turma do Xaxado.